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História
da Freguesia de Vermoil
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Orago:
Nª Senhora da Conceição
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De origem Medieval, foi aqui fundado um hospício que mais
tarde foi transformado em Hospital. Este foi entregue aos cuidados
dos monges beneditinos pertencentes ao Mosteiro de Agras de Portela,
termo de Vermoim. A acção dos monges beneditinos
na região contribuiu de forma importante para o desenvolvimento
da localidade, o que levou a população, reconhecida,
a escolher para nome da terra a designação de "Alcamem
de Vermoim". Este nome foi evoluindo até à designação
actual da freguesia: Vermoil
(...) Leia mais
Leia
também "Um olhar sobre o Passado" Texto
de Joaquim Vitorino Eusébio publicado no Guia
de Vermoil de 1999
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A
descobrir
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A
freguesia de Vermoil, após ter pertencido ao termo
de Pombal durante mais de seis séculos, foi integrada
no concelho de Leiria. Viria a ser desanexada em 1835
para regressar ao concelho de Pombal. O território
de Vermoil era então mais extenso que o actual,
já que compreendia na sua parte ocidental, vinte
e quatro povoados que viriam, em 1 de Julho de 1952,
a constituir a freguesia de Carnide. Em 31 de Dezembro
de 1984, nova perda territorial com a constituição
da freguesia das Meirinhas. Crê-se que a origem
de Vermoil remonta a um período que se poderá situar
próximo da Fundação da Nacionalidade.
Nessa época existia aqui um pequeno e disperso
povoado constituído por moçárabes,
cuja ocupação era a pastorícia.
O lugar aparece referenciado em documentos antigos como “Alcamem”,
o que na etimologia árabe peninsular é sinónimo
de freguesia.
A origem do topónimo Vermoil parece estar ligada ao nome
da freguesia de Vermoim (concelho da Maia-Porto), em cujo termo
existia no século XV, o Mosteiro de Agra da Portela, de
monges beneditinos. Estes, desempenharam aqui em Vermoil uma
acção tão meritória que o povo passou
a chamar a este local o “Alcamen Vermoim” que posteriormente
por fenómeno de desnasalização se tornou
no actual nome.
Decorria o ano de 1465 quando foi aprovado o “Compromisso
da Confraria dos Defuntos d’Alcamen” da qual dependia
o albergue (Albergaria dos Doze), a leprosaria (Gafaria), o hospício
e o cemitério murado próximo da casa do cura. O
hospício e a leprosaria foram entregues à orientação
e cuidado dos maiatos monges da Ordem de S. Bento, os quais com
o maior empenho e devoção desenvolveram tão
notável obra que conseguiram conquistar a admiração
e simpatia das populações.
Em 1543, aquando da demarcação do concelho, o território
de Vermoil foi enquadrado na Diocese de Leiria, sendo elevado
a curato pelo bispo D. Braz de Barros, irmão do célebre
historiador João de Barros.
No ano de 1656, o Cabido da Sé resolveu ampliar a pequena
capela do curato, dedicada a Nossa Senhora da Conceição,
pagando a reparação da capela-mor, da sacristia
e da casa do cura, deixando as restantes obras da nave à conta
das participações dos paroquianos e da confraria.
Quando, em 1835, se deu a desanexação do concelho
de Leiria, Vermoil foi elevada a cabeça de julgado que
englobava Louriçal e Abiul.
Lentamente, foi crescendo a importância da freguesia que
mais se acentuaria com a construção da linha do
caminho de ferro do norte e da rede de estradas rodoviárias,
especialmente a que liga Porto a Lisboa.
Várias indústrias escolheram este território
para se radicarem assistindo-se a uma grande diversificação
de ramos, indústrias como as de cerâmica, as resineiras,
as casquilheiras, as tanoeiras, a camionagem de carga, as hoteleiras
e as de plástico.
Com impacto económico também as feiras, a mensal,
e a do Bodo, realizada anualmente no ultimo fim de semana de
outubro.
O património artístico da freguesia é constituído
por duas igrejas e três capelas. A actual matriz é um
templo amplo e moderno, constituído num local elevado
de Vermoil.
Sobre a antiga Igreja Paroquial de
Nossa Senhora da Conceição fala-nos Matos Sequeira
no “Inventário Artístico de Portugal”:
-”Fachada com algum interesse, mas sem primores arquitectónicos,
formado por uma empena recortada, coroada por pirâmides
ornamentais, janelão banal de coro, e torre lateral. Ao
alto, sobre um registo de azulejos modernos, está, numa
mísula, uma imagem antiga de pedra. Há uma porta
lateral golpeada, de tipo manuelino. O templo tem somente uma
nave coberta com um tecto de estuque formado por quarenta e quatro
caixotões com alusões à ladaínha
de Nossa Senhora. O tecto da capela-mor e dois colaterais com
retábulos de talha moderna, e ainda uma capela lateral
do Senhor dos Passos. O coro e púlpito, não valem
qualquer menção. Um silhar de azulejos que cinta
a igreja é também moderno. Não se encontraram
alfaias nem paramentos de mérito. Apenas se registou um
prato de oferta, holandês, de tipo habitual, com o diâmetro
de 0,38 metros”.
A Capela de Nossa Senhora da Nazaré,
situada no lugar da Ranha de S. João, pelas suas dimensões
mais parece uma igreja. Foi remodelada em 1947. É de destacar
a sua nave bem iluminada, com tectos de estuque e dois supostos
altares laterais, sem retábulo. Os altares colaterais
são ornamentados por duas esculturas em pedra, do século
XVI, figurando uma, a Virgem e outra representando S. Jorge a
matar o dragão.
Sobre a terceira capela escreve o Guia de Pombal que “Historicamente
existe uma outra capela de pequenas dimensões, que tem
o nome de Capela de Santo António,
mandada edificar pelo escritor e historiador João de Barros,
onde esteve sepultado algum tempo, tendo sido posteriormente
transferidas as suas ossadas para o Mosteiro de Alcobaça. É sabido
que D. João de Barros viveu durante vários anos
nesta freguesia, mais propriamente na quinta das Ferrarias, hoje
dividida em várias quintas”. (...)
Fonte
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Vermoil
- Um olhar sobre o passado
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Introdução
As origens de Vermoil perdem-se nas brumas do passado e sobre
elas pouco ou nada se sabe. Apenas o estudo aprofundado nos
arquivos e o trabalho aturado dos arqueólogos poderá trazer
mais elementos ao nosso conhecimento. E cabe aqui registar,
como um magnifico exemplo, o que se está a fazer em
Telhada, na zona da Calvaria, onde os vestígios estudados
por João Pedro Bernardes, demonstram uma ocupação
romana datando dos finais do século I ou inícios
do século seguinte.
Os primeiros elementos que dispomos referem-se já a Idade
Moderna. De facto, e segundo O Couseiro ou Memorias do Bispado
de Leiria, existia na freguesia de Vermoil uma confraria de defuntos,
designada por confraria de Alcamem, cujo compromisso terá sido
redigido em 1465. Esta mesma informação será mais
tarde transcrita por Pinho Leal, no seu Portugal Antigo e Moderno.
Aldeia pequena, sem duvida, se atentarmos no facto de em 1527
ter apenas 9 vizinhos - entenda-se 9 chefes de família.
A população continuará a ser diminuta, pois
dois séculos mais tarde, em 1721, indica-se a existência
de 11 vizinhos na vintena (divisão administrativa) de
Vermoil, Netos e Ordem.
Nas Memórias Paroquiais de 1758 é-se um pouco mais
preciso: «Compreende somente as cazas da residência
dos Parochos e unicamente hum vizinho, cujos moradores e familiares
fazem dez pessoas». Próximo fica um conjunto de
aldeias «a que se chamam o Ramo da borda». Pertencem
a freguesia de S. Tiago. «contudo seu jazigo nesta freguezia
de Vermoil aonde se vem sepultar e aos Parochos desta mesma freguezia
pertence fazer-lhes o primeiro officio e receber as offertas
a elles pertencentes na forma da constituição do
Bispado».
A
população
(…) Ouve uma tendência natural de crescimento da
população apenas quebrado com as vicissitudes decorrentes
das invasões francesas, da guerra civil liberal, do impacto
da 1" Guerra Mundial e do êxodo migratório
na 1" metade do século XX para o Brasil e na 2ª metade
para a Europa Central.
No que se refere a 3ª invasão, e segundo a relação
mandada fazer pelo bispo de Leiria D. Manuel de Aguiar, terão
sido mortas em Vermoil directamente pelos franceses 42 pessoas,
tendo morrido posteriormente, devido a peste e a fome subsequentes,
744 pessoas e outras 34 ter-se-ão ausentado.
Também teve impacto na população a cólera
morbus que deflagrou em 1833 e em meados de 1856. Nesta ultima
data mais de 4 dezenas de pessoas de Vermoil sucumbiram ao seu
efeito.
Apesar de o concelho de Pombal, no seu conjunto ter uma densidade
populacional inferior a da média do distrito de Leria
(81,9 habitantes por quilómetro quadrado), Vermoil possui
uma densidade razoável – 113,9 habitantes por quilómetro
quadrado).
Uma chamada de atenção se impõe. Quando
fazemos referencia a freguesia de Vermoil, ela englobava Meirinhas,
Carnide, Ranha. Carnide ir-se-á constituir como freguesia
em 1953.
Por outro lado quando falamos da freguesia de Vermoil, temos
que ter consciência que a sua incorporação
no concelho de Pombal e relativamente recente.
Ate ao século passado, a quase totalidade do território
de Vermoil fazia parte do concelho de Leiria, como de resto acontecia
as actuais freguesias de Albergaria, de S. Simão, das
Meirinhas e de Carnide.
Por seu turno, o Concelho de Pombal ocupava alem da actual freguesia
de Pombal, as freguesias da Pelariga, de S. Tiago, de Vila Cã e
uma pequena parte de Vermoil e confrontava com os Concelhos da
Redinha, Soure (Almagreira pertencia a este Concelho). Louriçal
(a que pertenciam as freguesias actuais da Mata Mourisca: Carriço.
Guia e Ilha. Leiria (a que pertenciam as actuais freguesias de
Albergaria, S. Simão, Vermoil, Meirinhas e Carnide), Ourém
e Abiul.
Esta fisionomia ira alterar-se em 1834, após o triunfo
do Liberalismo, sendo Vermoil e S. Simão de Litém
integradas no concelho de Pombal. Por seu turno, Vermoil será desanexado
de Carnide que passara a freguesia em 1952 e das Meirinhas em
1984.
Texto
de Joaquim Vitorino Eusébio (in “Guia
de Vermoil”- 1999)
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Igreja
Paroquial de Nossa Senhora da Conceição
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A
Igreja de Vermoil
A
freguesia de Vermoil tem como padroeira Nossa Senhora
da Conceição. Ignora-se a data da fundação
da sua Igreja Paroquial. Apenas se sabe que é anterior
ao século XVII, pois em 1656 e concedida licença
para nela se dizer missa, uma vez que acabara de ser
reconstruída. Segundo o Couseiro, «os
freguezes d'esta egreja todos os annos, na primeira segunda-feira
depois do dia de S. Miguel, de Setembro, vem, em procissão,
a N. Senhora da Encarnação; e o fazem mais
vezes, se a necessidade d'agua e grande ou a chuva persevera
muito, e se tem visto fazer-lhes a Senhora por varias
vezes, a mercê que lhe vinham pedir.»
Julgamos ser muito interessante a descrição da
imagem da padroeira e da igreja, conforme consta das Memórias
Paroquiais de 1758:
« O Orago desta Parochia he a Virgem Nossa
Senhora da Conceição, a qual Imagem de
pão dourada sobre azul com sua coroa de prata
na cabeça. Fica a Imagem desta Imaculada Senhora
colocada na capella mor á parte do Evangelho
em hum nicho entre duas colunas da tribuna e de parte
da Epystola em correspondencia fica em outro nicho
a Imagem de Santo António. Aqui fica o Altar
Mor, e junto delle se levanta hua tribuna de talha
dourada muito bem feyta com seu trono muyto bem pintado
para as expozições do Santíssimo
Sacramento, e logo entre o trono e o Altar Mor fica
o Sacrário feyto de talha dourada (...).
He a Capella Mor feyta de abobada de madeyra branqueada com suas
pinturas em circuito e no meyo do tecto esta muito bem lançada
hua tarja com a Senhora da Conceição pintada nos
lados desta Capella a parte do Sul e Norte ficao duas janellas
com suas vidraças e nos mesmos lados em correspondencia
ficao duas portas, hua para a Sachristia, que fica a parte do
Sul e outra para hum corredor que yay para o Pulpito que fica
no corpo da Igreja a parte do Evangelho feyto de madeyra muito
bem pintado.
Abayxo da Capella mor ficao os dous Altares colateraes em igual
correspondencia; e da parte do Evangelho do Minino JESUS, cuja
Imagem he de vulto, a qual esta collocada em hum nicho de pedra,
e da parte da Epistola he de S. Sebastiam, e que tambem fica
em outro semelhante nicho. No corpo da Igreja a parte do Evangelho
fica o terceiro Altar com huma Imagem bastantemente grande do
Senhor Crucificado, e por isso se chama este. Altar do Santo
Christo ornado com suas cortinas de damasco encarnado.
Da parte da Epystola em correspondencia fica o Altar da Snra.
do Rozario com sua tribuna de talha dourada aonde esta colocada
a Imagem da Senhora com sua coroa; tambem este Altar esta ornado
com suas cortinas; e logo immediatamente abayxo fica o Altar
com o retabulo das Almas e por isso se chama o Altar das Almas.
(...) Nam tem esta Igreja naves, toda ella he de abobada de madeyra
branqueada, e em cada hum dos lados tem duas janellas pellas
quais se lhe comunica bastante luz; da parte dereyta fica o Baptisterio
em hua caza separada, e da outra parte fica hua porta para a
Torre dos Sinos feyta de abobada redonda; tem dous sinos hum
do Senhor o outro das Almas e huma garrida pequena.
Tem sette Irmandades a saber
1ª Irmandade do Santíssimo Sacramento
2ª Irmandade da Sra. do Rozario
3ª Irmandade do Menino JESUS
4ª Irmandade do Santo Christo
5ª Irmandade das Almas
6ª Irmandade de S. Sebastiam
7ª Irmandade do Espírito Santo.»
Segundo esta fonte «esta Freguezia nam experimentou
ruina total nem considerável no Terremoto de 1755 seja
Deus bemdito. Somente nas paredes da igreja se percebem algumas
fendas e a parede do frontespicio algum tanto desunio; as piramides
da Torre se sacudiram de seos lugares e duas se estalaram; os
telhados correram de sorte que ficaram as madeyras descobertas:
as colunas em que se sustenta o Alpendre da igreja se inclinaram
a huma parte; porem tudo isto esta ja reparado a custa da fabrica
da igreja».
Segundo o Couseiro, «havia n' esta parochia um hospital,
juncto da egreja parochial, abaixo das casas do cura; constava
de duas casinhas, junctas e um chouso (pequeno campo, tapado
sobre si), que ainda ha, e que tinha outra fazenda, da qual anda
de posse a fabrica da egreja, e n’ella se despende a renda,
e não consta com que auctoridade se extinguio o hospital,
nem com qual se annexou sua fazenda a fabrica nem das obrigações
que tinha, nem de quem o fundou.»
O padre da freguesia tinha direito a 20 alqueires de trigo, 25
almudes de vinho e 5.000 reis em dinheiro, passando mais tarde
(século XIX) 0 vigário a receber 50 mil reis, 34
alqueires de trigo, 25 almudes de vinho, 105 alqueires de milho,
12 mil reis de congrua e 6.680 reis de pé de altar e o
seu coadjuctor 30 mil reis de vencimento, 180 alqueires de milho
e 6 mil reis de congrua. Por seu turno, o Questionário
histórico-geográfico e socio-económico elaborado
em 1907 e que se conserva no Arquivo Distrital de Leiria diz-nos
que nos inícios do nosso século, a congrua e Pé d'
Altar rendiam 10 alqueires de milho cada fogo, correspondendo
o Pé d' Altar a 100 mil reis. O total do rendimento do
pároco era de 562 mil reis e dispunha de passal e de residência
paroquial.
A população pagava o dízimo a igreja sobre
o pão, os legumes, o azeite., indo um terço do
pão para o bispo de Leiria, outro terço para a
fabrica da igreja e o restante terço para o bispo de Coimbra
- uma vez que o rio separava os dois bispados.
O Questionário de 1907 fornece-nos os calendários
das festas: - a de S. Sebastião, no dia próprio;
a da Senhora do Rosário em Maio; a do Corpo de Deus no
dia próprio; a de S. António no 3° Domingo
de Junho: a do Coração de Jesus em Outubro; a da
Senhora da Conceição em 8 de Dezembro.
Nas capelas a de Nossa Senhora em 2 de Fevereiro e a do Profeta
Elias em 25 de Junho em Carnide; a da Nossa Senhora da Nazaré na
Ranha de S. João e a de Nossa Senhora das Dores nas Meirinhas.
Mesmo
no seio da própria igreja podiam surgir conflitos,
como e o que aconteceu entre o pároco do Feijoal
e o de Vermoil. Não resistimos a transcrever o
despacho do vigário capitular Andrade de Mesquita,
datado de 12 de Outubro de 1852: - «Constando-me
do escandaloso procedimento do Reverendo Padre José Ferreira
do lugar do Feijoal, da freguesia de Vermoil, desacatando
seu Reverendo Parocho na própria Igreja Parochial,
impedindo-o de suas funções, com notória
inquietação dos freguezes: Hei por bem
authorizar como authoriso o Reverendo Tezoureiro Mor
da Se Catedral Jacinto António Crespo da Cruz
para ir a referida Parochia de Vermoil e no primeiro
dia festivo falar ao povo da mesma, exhortando a obediência
e respeito ao Reverendo actual Parocho Padre Manuel Amaro
e por essa ocazião, da mesma parte e por minha
ordem, suspenda do exercício de todas as suas
ordens ao dito Reverendo Padre José Ferreira,
cuja suspensão se fará constar ao mesmo
povo; reservada a absolvição ao Excelentíssimo
Senhor Internuncio, tendo reparado o escândalo
e dando provas de sincera penitencia.»
As confrarias anteriormente mencionadas, deixarão de existir,
conforme informa o Administrador do Concelho de Pombal o Governador
Civil em 1868:- «(…) na freguezia de Vermoil nao
ha confraria ou irmandade alguma, apenas a Junta da Parochia
e administradora dos bens deixados pelos fieis as A]mas ou Egreja,
(…) por uzo e costume e celebrado um officio annual pelas
a]mas »
Esta mesma Junta da Paroquia de Vermoil decide que se não
devem cobrar os enterros, conforme refere em carta ao Administrador
do Concelho de Pombal a 12 de Fevereiro de 1869:- « (...)
Nunca foi uso nesta freguesia o pagar-se cousa alguma dos enterramentos
neste cemiterio, por isso que o cemiterio foi feito toda a custa
do povo, para nelle ser enterrado gratuitamente e se a Junta
fosse estipular certa quantia aquellas pessoas que nelle se enterrassem,
isso traria com sigo nesta freguesia graves desordens do povo
para com a Junta da Parochia e sobretudo para com o Parocho e
para evitar desordens na freguesia a Junta delibrou que se nao
pedisse cousa alguma dos enterramtos.»
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(antiga)
Ermida (actual) Capela de Nossa Senhora da Nazaré -
Ranha de S. João
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De
destacar uma pequena escultura de São Jorge a matar
um dragão.
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Historiador
e escritor
Nascido
provavelmente em Viseu em 1496; f. em Pombal em 20
de Outubro de 1570.
Filho
natural de Lopo de Barros, corregedor da comarca do Alentejo
em 1499, nasceu possivelmente em Viseu, ou em Braga.
Moço do Guarda-roupa do príncipe D. João,
futuro D. João III, foi nomeado em 1525 tesoureiro
das Casas da Índia, Mina e Ceuta, e em 1533 foi
nomeado feitor das Casas da Guiné e Índias,
cargo que exerceu até 1567. Na época que
mediou as nomeações, viveu em Pombal, fugindo
da peste que assolou Lisboa em 1530 e evitando as consequências
do grande terramoto de 1531 que destruiu a capital.
Nesse
ambiente calmo da Quinta do Alitém, parte do dote
da sua mulher, contando 24 anos de idade, publicou em
1530 uma novela de cavalaria com o título Crónica
do Imperador Clarimundo, contando a história de
um antepassado legendário dos reis de Portugal.
Mais tarde, em 1532, publicaria a Ropica Pnefma (Mercadoria
Espiritual), obra declarando defender a pureza da fé cristã,
mas que de facto está muito próximo das
posições de Erasmo de Roterdão,
criticando mas sem abandonar o catolicismo, o que fará com
que fosse colocada no «Índex» em 1581,
e no ano seguinte escreverá um Panegírico
de D. João III.
Em
1535, quando foram criadas as capitanias brasileiras,
D. João III doou-lhe uma das doze criadas, com
cinquenta léguas de largura ao longo da costa,
na foz do Amazonas. Decidiu equipar uma expedição
para ocupar o território doado, com o apoio de
Aires da Cunha e Álvares de Andrade, outros dois
beneficiados com capitanias, que terá sido composta
por dez embarcações, com novecentos homens,
sob o comando do primeiro dos capitães. A frota
saiu em fins de 1535, dirigindo-se para o norte do Brasil
mas foi destruída na barra do Maranhão,
tendo a maior parte dos participantes sido morta. Este
desastre deixou João de Barros bastante empobrecido.
Entretanto,
publicou em 1539 uma cartilha conhecida como Cartinha
de João de Barros, e em 1540 publicou O Diálogo
de João de Barros com dois filhos seus sobre preceitos
morais e a Grammatica da língua portuguesa obra
acompanhada do Diálogo em louvor da Nossa Linguagem.
A
sua principal obra, As Décadas, escritas de acordo
com uma sugestão do rei D. Manuel, após
ter publicado o Clarimundo, apareceu em 1552, saindo
somente mais duas em vida do autor, a segunda no ano
seguinte, e a terceira em 1563. Uma quarta, de autoria
um tanto questionável, foi impressa em 1613.
As
Décadas não lhe ocupavam todo o tempo,
e em 1556 organizou nova expedição ao Maranhão,
em que participaram dois dos seus filhos, que, se foi
mais feliz, porque conseguiu regressar, depois de ter
combatido com corsários franceses e índios.,
não conseguiu cumprir de novo o objectivos de
criar condições para a colonização
da capitania.
|
in: O
Portal da Historia
ver
também : http://joaodebarros.tripod.com/main.htm
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João
de Barros e Vermoil
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Conhecida
se tomou a quinta de S. Lourenço, próxima
da estação de Vermoil, por nela ter vivido
um dos maiores vultos das nossas letras do século
XVI. Referimo-nos a João de Barros, insigne autor
das «Décadas da Ásia» e figura
de destaque no aparelho administrativo português,
pois foi feitor da Casa da Índia entre 1533 e
1567. Em 1540 pede licença ao bispo de Coimbra,
D. Jorge de Almeida, para levantar altar na capela da
sua quinta de São Lourenço. O bispo emite
o despacho seguinte:
« Dom Jorge d' Almeida por
mercê de Deus e da santa egreja
de Roma, bispo de Coimbra conde d' Arganil
aos quantos esta nossa carta de licença
e autoridade para alevantar altar virem
saude em Jezus Cristo nosso senhor fazemos
saber que João de Barros fidalgo
da casa d'el-rei nosso senhor nos enviou
dizer por sua carta que ele e sua mulher
tinham feito de novo uma irmida da invocação
do bem aventurado santo António
na sua quinta da Ribeira de Litem termo
da vila de Leyria. E por quanto nela
não podia alevantar altar sem
nossa especial licença nos pedia
q Iha quizessemos para isso dar por quanto
elles e seus herdeiros que na dita quinta
se achasem a teriam repayrada de todo
necessario em tanto que a dita quinta
durar visto por nos seu requeremento
avendo respeito a sua obra de tanto serviço
a nosso senhor e memoria e louvor a este
glorioso santo por esta presente avemos
por bem de Ihe dar como de fato damos
a licença que se possa na dita
irmida de Santo António alevantar
altar de pedra fixo e no qual damos licença
que se possa celebrar e dizer missa para
sempre, isto sem prejuiso da egreja matriz
e com tal condição que
eles edificadores a tenham reparada de
pedra e cal madeira pregadura e com sua
telha e portas bem fechadas assim eles
como seus herdeiros que pelo tempo forem
da dita quinta e sendo caso que caya
toda ou parte d'ela eles ditos João
de Barros e sua mulher e erdeiros a tornem
a fazer de novo parte d' ela ou toda
e a tenham e mantanham de todos os ornamentos
convenientes e necessarios para certeza
e lembrança da qual mandamos se
faça a presente com o nosso synale
e selo (...) da nossa camara aos vinte
e cinco dias do mez de junho de myle
quinhentos e quarenta anos. Bispo Conde»
A quinta de S. Lourenço foi-lhe doada quando se casou
com Maria de Almeida, filha de Diogo de Almeida, titular da Quinta
das Ferrarias em S. Simão de Litém.
Em 1567, João de Barros decide retirar-se da corte e veio
viver para a sua quinta. Aqui faleceu a 20 de Outubro de 1570,
sendo sepultado na ermida de S. António (Quinta dos Claros,
freguesia de Vermoil) que ficava próxima da quinta e por
si mandada construir. Mais tarde, em 1610, o seu afilhado D.
Jorge de Ataíde, bispo de Viseu (de onde o autor das Décadas
da Ásia era natural) e abade comendatário de Alcobaça,
faz a sua trasladação para aque1e.
Julgamos que a família da esposa de João de Barros
pertenceu igualmente Gustavo de Almeida Sousa e Sá, figura
com certo prestígio no novo regime liberal. Assim, e segundo
Pinho Leal, nasceu em Pombal em 1804. Foi feito Barão
de Claros em 15 de Dezembro de 1870. Faleceu em Pombal em 22
de Dezembro de 1875. Foi em 1821 praça vo1untario no regimento
de infantaria 15 e nesse mesmo passa a a1feres. Depois foi major
do batalhão nacional de caçadores de Leiria, deputado
as cortes pelo circulo de Pombal, comandante do Batalhão
de Caçadores nº 6 por bastantes anos, vogal do conselho
supremo de justiça militar e governador da praça
de Elvas. Foi conselheiro, comendador da Ordem de Nossa Senhora
da Conceição de Vila Viçosa e cavaleiro
da ordem de S Bento de Aviz. Em 1846 e regedor da paroquia de
Vermoil, sendo um dos mais abastados proprietários do
concelho de Pombal.
In " Guia
de Vermoil" 1999 (gentilmente cedido pela
Junta de Freguesia de Vemoil)
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Casa
da Quinta dos Claros
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Casa
onde viveu o escritor João de Barros
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