Vários populares de Almagreira e Lagares estão
                revoltados e queixam-se do cheiro nauseabundo que afecta o seu
                bem-estar. A causa do incómodo são várias "lagoas" cheias
                de dejectos animais e carcaças de aves que estão
                depositados num terreno aberto, como que escondido no meio de
                uma área florestal. O problema já não é novo,
                mas as pessoas começam a mostrar-se saturadas com esta
                situação que coloca em causa a saúde pública.
                As autoridades já foram alertadas para o problema, mas
                as descargas continuam. A Junta de Freguesia de Almagreira está de
                mãos atadas e diz que o Ministério do Ambiente
                desvaloriza o problema.
              Quando nos aproximamos do local, o mau cheiro vai ganhando intensidade.
                Depois de se percorrer um caminho em terra batida chega-se a
                uma grande clareira onde facilmente notam vários buracos
                escavados. Em alguns deles mistura-se a água a borbulhar
                com aquilo que parece ser estrume. Noutros, as lamas estão
                bem mais à superfície e detectam-se restos de animais
                mortos. Os populares mostram-se indignados com esta situação
                e querem que alguém assuma responsabilidades. Agnes Martens,
                uma das moradoras em Lagares, esclarece que já no Verão
                se notou um grande aumento no número de moscas e melgas
                e que o mau cheiro chega a provocar vómitos nas pessoas.
                Outros populares se juntam ao coro de protestos e a GNR foi chamada
                ao local no passado fim de semana. Há quem diga mesmo
                que, em certas alturas, tem-se que usar uma máscara para
                evitar o cheiro.
              A Junta de Freguesia de Almagreira está ao corrente deste
                problema, mas revela-se incapaz de o solucionar. Segundo o presidente
                Fernando Matias, já no mandato anterior foi feita uma
                denúncia devido a estas descargas, mas na altura o Ministério
                do Ambiente não encontrou matéria para punir o
                responsável, multando ao invés a própria
                autarquia local em 2500 euros por esta ter perto do local um
                contentor para depósito dos chamados monstros. O autarca
                entende que esta é uma questão de saúde
                pública que não está a ser valorizada. Fernando
                Matias refere, tal como a nossa reportagem observou in loco,
                que os dejectos depositados no terreno devem provir de uma unidade
                industrial ligada ao sector aviário. O presidente da Junta é da
                opinião que as unidades industriais são necessárias,
                mas lembra que as mesmas devem obedecer a regras e laborar em
                condições. "O Ministério do Ambiente
                deve acautelar a qualidade de vida das populações",
                afirma.
              O vereador do Ambiente, Michäel António, lembra
                que participou na acção desenvolvida pelo Ministério
                do Ambiente e explica que esta é uma situação
                que está identificada pelo Município. Contudo,
                esclarece que a Câmara apenas tem o dever de alertar as
                entidades competentes, através da Comissão de Coordenação
                e Desenvolvimento Regional do Centro, cabendo à tutela
                o passo seguinte, que pode passar pela elaboração
                de um auto de notícia ou mesmo a aplicação
                de coimas.
              Nuno Tomaz Oliveira