Paulo Azevedo nasceu a 29 de Outubro de 1981, sem braços
                  e sem pernas. A mãe, Clara Varela Silva, então
                  uma adolescente com 16 anos, não encontra resposta para
                  a malformação do feto. “Não havia
                  respostas naquela altura, até hoje não há”,
                  disse ontem na reportagem ‘Uma Vida Normal’, que
                  foi transmitida pela SIC.
                  
                  
                  O jovem, que agora tem 26 anos, passou os primeiros anos da
                  infância entre o Centro de Medicina de Reabilitação
                  de Alcoitão e a casa onde vivia com a mãe e os
                avós, em Redinha, Pombal.
                “Quando eu era criança os meus avós fizeram
                  um ginásio em casa para fazer exercícios com
                  as talas mas eu queria era andar na brincadeira”, recordou
                  Paulo Azevedo, referindo-se às próteses que tem
                  em ambas as pernas.
                Apesar das deficiências, nunca se deu por vencido: tirou
                  o curso de treinador de futebol 11 e chegou a participar em
                  jogos, frequentou a universidade em Coimbra, foi administrativo
                  numa empresa, conduz e frequenta um curso de representação
                  coordenado por Tozé Martinho na Universidade Lusíada
                  de Lisboa. “Ele é extremamente inteligente”,
                  realçou o professor de Teatro, António Marques.
                Os ex-colegas de Coimbra, onde Paulo Azevedo frequentou três
                  anos de Jornalismo, não lhe poupam elogios: “Fez
                  sempre as mesmas coisas que nós, desde os exames às
                  praxes e às saídas à noite.”
                O jovem, que também pratica natação,
                  mudou-se de Pombal para Lisboa e partilha um apartamento com
                  mais quatro estudantes. Não se coíbe de fazer
                  a lide da casa: “Não estava habituado às
                  tarefas domésticas mas se é preciso limpar o
                  chão com a esfregona, também limpo.”
                Paulo Azevedo tem uma namorada e quer ser actor. “Se
                  me disserem que não tenho talento vou embora. Agora
                  se me disserem que não posso fazer isto ou aquilo porque
                  não tenho pernas nem braços, então bato
                  a outra porta”, afirmou o rapaz, que está preparado
                  para todas as dificuldade que a vida lhe possa trazer.