Foi com uma imensa dor que a família de António
                Manuel Pereira, da Guia, Pombal, viu partir um dos seus mais
                novos elementos. O jovem, de 21 anos, morreu, anteontem, num
                pinhal da zona de Pataias, quando praticava motocrosse com dois
                amigos. Os pais perderam o único filho que com eles morava.
                Mas já tinham visto partir, há onze anos, um outro
                filho, também num acidente de moto. Dos quatro filhos,
                restam dois - um casal. Mas ela ficou viúva há cerca
                de sete meses. O marido morreu na estrada, vítima de uma
              colisão. 
              "Já nem me recordo quando éramos uma família
                feliz. A desgraça tem-nos atingido tantas vezes".
                Gabriel Seabra estava longe de imaginar que o café que
                partilhou com o sobrinho, no domingo de manhã, seria o último. 
              António Pereira gostava de passar os domingos a fazer
                motocrosse com os amigos. Há muitos anos que o fazia.
                Primeiro, com uma pequena moto e, recentemente, com um veículo
                de grande cilindrada que comprara. 
              "Ele gostava muito desses momentos que passava com os amigos",
                assegura o familiar, explicando que era habitual o grupo percorrer
                os pinhais próximos, de moto. Costumavam, até,
                participar em algumas provas de motocrosse da região. 
              As motos que tinham servem, apenas, para esse tipo de actividade. 
              Ao final da manhã de domingo, na zona do Facho, em Burinhosa,
                Pataias, os dois amigos estranharam deixar de ver o jovem, acabando
                por encontrá-lo gravemente ferido, junto a um pinheiro,
                contra o qual embatera. 
              António Pereira ainda foi transportado com vida ao Centro
                de Saúde da Marinha Grande, mas acabou por morrer. 
              O funeral realiza-se esta tarde, para o cemitério
                da Guia. 
              A notícia da morte enlutou a freguesia. O jovem, electricista
                de profissão, era bem conhecido. A população
                descreve-o como "muito alegre" e "responsável". 
              O patrão, Vítor Sebastião, conta que se
                tratava de "um bom profissional, com um futuro promissor".
                Explicou ter "muita confiança" no jovem, ao
                ponto de lhe ter proporcionado formação na área
                dos painéis solares. 
              "Era uma nova aposta desta empresa e ele parecia-me das
                pessoas mais competentes para assegurar o serviço",
                considerou, afirmando-se "chocado" com a morte do funcionário,
                que trabalhava há três anos na empresa.
              Sensibilizar os jovens
              O empresário Vítor Sebastião defende que
                as actividades dos tempos livres dos jovens da Guia deveriam
                ter algum acompanhamento ou sensibilização prévia
                que passassem por alertas relativos às questões
                de segurança. "É raro o fim-de-semana em que
                não aconteça uma tragédia envolvendo alguém
                jovem", explica, precisando que "muitos têm falecido
                em acidentes de viação". "Nesta freguesia, é raro
                haver acidentes de trabalho. Mas é frequente acontecerem
                acidentes nas estradas", frisa, para acrescentar que "isso
                significa que não se está a acautelar a segurança
                nas actividades dos jovens ou há acidentes quando praticam
                provas de bicicleta ou motos, ou há acidentes nas estradas".
                Um dos mais trágicos ocorreu há pouco mais de um
                ano, provocando a morte a um jovem habitante da freguesia. Participava
                numa prova de BTT num pinhal. 
              "É preciso lembrar aos mais jovens que, por vezes,
                basta um descuido. Muitos, como este que faleceu agora, são
                exemplares - profissional e pessoalmente. Mas basta não
                se precaverem, um dia, para acontecer a tragédia",
                sustenta.