"Porque é que um homem destes não foi ainda
                condecorado com o Prémio Nobel da Paz?”. A interrogação,
                lançada pelo presidente da Câmara de Pombal, Narciso
                Mota, parecia pairar nas cabeças das centenas de pessoas
                que, no passado domingo, prestaram homenagem ao bispo D. Francisco.
                A rua principal da Mata Mourisca passou, agora, a chamar-se “Avenida
                D. Francisco de Mata Mourisca”.
                “
                Quisemos ligar o nome de D. Francisco ao que de melhor temos
                na nossa terra: uma rua arranjada e embelezada recentemente”,
                explicou Odete Ramos, presidente da Assembleia de Freguesia da
                Mata Mourisca. Um “gesto de agradecimento” que, na
                opinião do presidente da Junta, António Manuel
                Fernandes, peca pela humildade. “Dar o nome do bispo de
                Uíje à rua mais importante da nossa terra é uma
                homenagem muito pequena para uma personalidade tão grande”,
                afirmou.
                Mas os gestos de agradecimento não se esgotaram aqui.
                A população da Mata Mourisca juntou-se na eucaristia
                em honra de D. Francisco, seguida de uma procissão que
                percorreu as ruas previamente enfeitadas com tapetes de flores.
                Depois, na sessão solene, as palavras de elogio e reconhecimento
                das entidades presentes fizeram coro com as palmas da população,
                que lotou a igreja da Mata Mourisca.
                Quem é D. Francisco?
                “
                Um homem com uma maneira simples e alegre de viver, que tem o
                dom da palavra”. É assim que o padre da Mata Mourisca
                define D. Francisco, bispo do Uíje. Durante os 40 anos
                de missão em Angola, D. Francisco distinguiu-se pela luta
                contra guerra e pelos esforços para repor a paz no país.
                José Moreira dos Santos – assim se chamava antes
                de entrar para o seminário do Porto – nasceu na
                Ilha, em 1928, e foi baptizado na igreja da Mata Mourisca. Foi
                ordenado sacerdote em 1952 e, cinco anos mais tarde, conclui
                a licenciatura em teologia pela Universidade de Salamanca. Mas
                foi a Uíje, em Angola, que dedicou uma boa parte da sua
                vida.
                O Município de Pombal homenageou-o, em 1999, com a atribuição
                de uma medalha de honra. No domingo, Narciso Mota deixou a promessa: “a
                cidade de Pombal também há-de ter uma rua com o
              seu nome”.